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Uma das coisas que mais me incomodam na medicina atualmente é a pressa nos atendimentos e falta de interesse no problema real da outra pessoa. Já cansei de ir em outros médicos que me atendiam de forma rápida, não me examinavam e não deixavam um contato por telefone ou WhatsApp para dúvidas. Sem contar que para chegar nesse momento, ainda esperava horas pela consulta. Acredito que a pessoa que possui alguma doença neurológica necessita bem mais do que uma consulta de poucos minutos. A neurologia trata de doenças complexas e que exigem dedicação, cuidado e atenção. Gosto de um ditado simples, mas que me faz lembrar de sempre me colocar no lugar dos pacientes: Pessoas precisam de pessoas!
Desta forma, gosto de acompanhar os pacientes de perto, mantendo contato frequente por telefone ou WhatsApp com o objetivo de esclarecer dúvidas e prestar uma assistência mais rápida e completa. Vi ao longo dos anos o quanto meus pacientes se beneficiavam do simples fato de se importar de verdade com o problema dele e o quanto uma assistência mais próxima era essencial neste processo. Hoje em dia até existe um termo em inglês para isso. Chamamos de Slow Medicine, uma prática médica que busca oferecer o melhor cuidado, com foco no paciente e nos seus valores éticos e morais, conhecendo pessoas próximas e hábitos de vida.
Por isso, também não acredito que com 30 minutos de consulta uma pessoa consiga ser bem atendida. Compartilho a ideia de que uma avaliação mais prolongada, de pelo menos 1h hora é necessária para um bom atendimento e faço questão que meus pacientes sejam ouvidos sem serem interrompidos, além de esclarecer dúvidas tanto na consulta quanto após. Na minha prática, não é incomum que as consultas durem até mais do que esse tempo. O ser humano é complexo, e entender essa complexidade é um dos papéis que julgo ser fundamental para o médico hoje em dia.
Alinhado a isso e considerando minha experiência do outro lado da mesa, desta vez como paciente, percebia que o tempo de retorno entre uma consulta e outra era muito curto na maioria das vezes. Isso fazia com que eu ou meus pais tivessem que desembolsar um novo valor de consulta quando iríamos levar os exames solicitados no retorno. Talvez isso não seja importante para muitas pessoas, mas para quem vem de família pobre como eu, faz total diferença. Dessa forma, passei a oferecer um tempo maior entre a 1ª consulta e a consulta de retorno, contudo entendo que a marcação de exames solicitados pode demorar ou mesmo porque eu percebia que muitas vezes o tempo oferecido não era suficiente para ver a resposta de um remédio.
Por fim, nunca concordei com o fato de ter que esperar horas para ser consultado, pois sempre achei uma falta de respeito enorme ter que fazer alguém esperar. A situação piora ainda mais quando se trata de uma pessoa que não está bem de saúde. Com o tempo, adotei um modelo de consulta com hora marcada, sem filas e sem espera. Acho isso um compromisso e um sinal de respeito com quem depositou confiança em mim. Estes são alguns dos pilares que fui moldando ao longo da minha carreira como médico e que pratico com a finalidade de oferecer o melhor dentro das minhas possibilidades. Meu objetivo é proporcionar a mais completa experiência que um paciente merece e acredito que adotando estas medidas eu esteja no caminho certo.
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