1. O que é um aneurisma?
Aneurisma é uma dilatação que se forma nas artérias, como uma “barriga” nos tubos (artérias). As artérias são responsáveis por levar o sangue do coração para outros órgãos, como cérebro, rins, fígado. São equivalentes as veias do nosso corpo, mas as veias fazem o caminho contrário, levam o sangue dos órgãos de volta para coração.
O aneurisma pode acontecer em qualquer artéria do corpo, inclusive nas artérias do cérebro, daí o nome aneurisma cerebral.
2. O aneurisma cerebral é comum?
A estimativa é que estejam presentes em 3 em cada 100 pessoas, sendo mais comuns após os 50 anos.
3. Aneurisma é genético?
Algumas síndromes hereditárias como a Síndrome de Ehlers-Danlos e a Doença dos Rins Policísticos Autossômica Dominante estão associadas a um maior risco de ocorrência dos aneurismas cerebrais.
Se houver algum caso na família, os parentes próximos também estão em risco aumentado de terem aneurisma, mesmo sem nenhuma síndrome associada. Se o pai de uma família teve um aneurisma, as chances de os filhos terem é de aproximadamente 9%, bem maior que a média de 3% da população geral.
Por essa razão, se você teve um familiar com aneurisma, deve procurar atendimento médico para esclarecer seu risco de também ter.
4. Qual o risco de um aneurisma?
O aneurisma, como já dito, é uma dilatação da artéria que deveria ser um tubo cilíndrico. Essa dilatação acontece por uma fraqueza na parede da artéria. Como essa região está fraca, é mais fácil acontecer uma ruptura e com isso ocorrer sangramento cerebral, que é a situação de grande preocupação quando falamos de aneurisma, já que apresenta alto risco de morte ou sequelas graves.
5. O que devo fazer para evitar um aneurisma?
É importante evitar ou tratar os fatores que favorecem o rompimento do aneurisma, como o tabagismo e a pressão arterial alta (Hipertensão). A queda de estrogênio na menopausa também contribui para a formação, no entanto, a reposição hormonal deve ser pensada junto a um ginecologista avaliando outros fatores.
6. Afinal de contas, minha dor de cabeça pode ser aneurisma ou não?
A resposta é, poder pode, mas é incomum. Um aneurisma cerebral pode dar sintomas agudos, como uma dor de cabeça súbita, perda visual/visão borrada, crises convulsivas/desmaios. Também pode ocasionar sintomas crônicos, como dor de cabeça menos intensas, mas recorrentes ao longo de várias semanas, além de outros sintomas como perda da visão, visão dupla, olho paralisado, dor na face ou perda de força em braços ou pernas. O fato é que quanto maior o aneurisma, maiores as chances de ele causar sintomas. Isso está relacionado aos aneurismas sem rompimento.
Já quando ele se rompe e ocorre sangramento cerebral, os sintomas são descritos como a pior dor de cabeça da vida, enjoos, vômitos, dor no pescoço, sonolência, confusão mental, coma.
No entanto, na imensa maioria das vezes ele não causa sintomas e não justifica a queixa de dor de cabeça.
7. Por que em algumas situações o aneurisma é operado e em outras não?
A definição de cirurgia para um aneurisma vai avaliar se ele está causando ou não sintomas e pelo risco dele se romper. Para avaliar isso, vão ser considerados o tamanho, se ele está crescendo de tamanho ou não, a localização, se houve ou não aneurisma prévio que teve sangramento, idade, presença de outras doenças que podem aumentar o risco de complicações e consequente risco de vida no pós-operatório, além é claro, da preferência do paciente após as orientações a respeito do caso e dos riscos e benefícios de cada conduta.
8. De quanto em quanto tempo fazer exames para acompanhar um aneurisma não operado?
A realização de angio ressonâncias ou angio tomografias devem ser feita anualmente nos 2-3 primeiros anos. Alguns médicos repetem os exames até mais rápido, em torno de 6 meses do diagnóstico para ter um acompanhamento mais próximo. Posteriormente, se nenhum sinal de gravidade ou de mudança de conduta ficar em evidência, os exames podem ser feitos em frequência menor.
9. Se eu só optar por acompanhar, o que devo evitar fazer para o aneurisma não romper?
Controle de hipertensão, não fumar, evitar consumo excessivo de bebidas alcoólicas, evitar medicações estimulantes ou drogas ilícitas (cocaína, crack, anfetaminas), evitar esforço excessivo ou atividades que façam manobra de valsalva.
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Dr. Matheus Montes Simão
Neurologista
CRM 231367 / RQE: 103822